No Hospício do Pinel
Os Malucos da Piscina
Em Jacarepaguá, no Hospital de Doidos, o Diretor deu as ordens e avisou: “Quero hoje todos os malucos tomando banho.” Dito e feito. Às 5 horas da tarde, faltou água no Hospital, e todos os doentes aguardavam a hora de se higienizar, e tomar aquele banho esperto, cheio de sacanagem, com sabonete lux, água quente se possível, desodorante para refrescar o sovaco, e um perfume legal para que todos ficassem bonitos diante do Diretor, vestissem cuecas de luxo, usassem calções de qualidade ricos em conteúdo próprio de hospício mesmo, calçassem umas sandálias havaianas – as melhores do mercado – e colocassem camisa de bacana, como todo louco gosta, prontos para quebrar tudo de madrugada, fazer aquela bagunça geral na Clínica de enfermos fora de si, alienados da realidade, desligados do cotidiano e desantenados de qualquer proposta de trabalho. O que eles queriam mesmo era uma vida boa, dormir o dia inteiro, ver televisão e quem sabe uma música malandra para nenhum maluco botar defeito. E sem saber, foram para a piscina. Era a hora marcada e planejada para que todos fizessem “uma limpa”, saíssem da rotina diária e refrescassem a cabeça e o corpo com um banho cheio de safadeza e sacanagem mesmo de verdade. E os malucos se dirigiram para a piscina. Então, Maguila, o Fantasma do Pinel, e Rasputin, o Crioulo Doido do Hospital, deram a ordem: “Vamos mergulhar”. E todos mergulharam na piscina. Só que não tinha água. Ora, foi uma porrada atrás da outra quando Maguila quebrou a cabeça, Rasputim, fraturou o braço e o dedão do pé esquerdo, Mandrake arrebentou a perna direita e “fudeu” de vez com sua cara estourada no chão da piscina, pois não havia água no Hospital, e todos se arrebentaram de uma vez, quebrando as costelas e fraturando as bacias de cada um deles. Foi uma foda geral. Aliás, a foda da foda, porque o Diretor, “puto da vida”, mandou fechar o Hospital, e internar todos os malucos no Souza Aguiar e no Miguel Couto. Resultado: o Tribunal de Justiça do Rio condenou o Diretor e o Hospital a 30 anos de cadeia, pois nessa história toda muitos malucos se “fuderam” e morreram, causando a maior bagunça e revolução em toda a história dos Hospitais de Malucos de Jacarepaguá. Pareceu a Terceira Guerra Mundial. Sobrou maluco pra tudo que é lado. E o restante dos malucos que não mergulharam, acabaram com tudo e quebraram o hospital todo, arrebentando com tudo e com todos. Foi o dia mais safado do ano. E a maior sacanagem da vida e história dos malucos da cabeça. Santo Deus. Cruz Credo.
Maluco, basta eu,
não aceito concorrência
Estava tudo preparado em Jacarepaguá, no Hospital do Pinel dos doidos mais bacanas do Brasil, malucos pra caralho, os loucões da zona oeste. Como disse, estava tudo preparado. Rasputin, o líder da máfia dos malucos, deu a ordem, depois de organizar o quebra-quebra, a porrada e a pancadaria dentro e fora do Hospital. Era hoje ou nunca. Tinha que ser hoje. Então, Rasputin convocou Ted Boy Marino, Fantasma, Verdugo Caolha e Brucutu para comandarem com ele a “limpa” que eles iam dar nos doentes, médicos e funcionários deste Hospital Pinel bem como os enfermeiros. Marcaram para as 4 horas da tarde o quebra-quebra geral. O Tempo passava e deu meio-dia, e todos almoçavam preocupados quando seu Jorge, um maluco-cachaceiro implicou com Fantasma, que não aceitou a provocação do cara e partiu pra porrada soltando um palavrão atrás do outro. De repente, o almoço parou, e os doentes em coro pediam pro pau quebrar mais ainda dizendo e gritando: “Arrebenta ele, Fantasma. Tu é maluco ou não é ?” E seu Jorge devolvia socos e pontapés pro Fantasma, tirando sangue do companheiro. Verdugo e Rasputim se achegaram pra separar a briga e a porrada, mas viram que tava bom o negócio, e puseram lenha na fogueira, incrementaram mais ainda a pancadaria, e quando olharam para trás o refeitório tava todo na porrada, os malucos quebrando a cara uns dos outros. Pararam o almoço. Ninguém comia mais, e médicos do local e enfermeiros do hospital e demais funcionários se aproximaram para ver o que estava acontecendo já que a gritaria era enorme, a confusão era tanta e todos se complicaram arrebentando uns aos outros inclusive os doutores e médicos das enfermarias do Hospital. Sem mais nem menos o quebra-quebra era geral. E Ted Boy Marino acertou uma gravata em seu Roberto, que lhe devolveu uma tesoura voadora, e de lá longe veio Brucutu e de bicicleta arrebentou a cara de seu Jorge, que puto da vida quebrou-lhe o nariz, deu-lhe um cascudo na cabeça e o agrediu seriamente com chutes e pontapés. A porrada era geral. O Hospício era mesmo de malucos. E depois de meia-hora tava todo mundo fudido, quebrado, estourado e arrebentado de tanta porrada que rolou em tão pouco tempo. Conclusão: Rasputin e seus parceiros de hospício perceberam que a hora do quebra-quebra sem querer se adiantou, e conseguiram o que queriam: queimar e quebrar um por um como tinham previsto. Foi o dia mais feliz de Rasputim, Fantasma e Brucutu, porque quebrados, ficaram mais de um mês de cama, sem fazer nada, na boa vida, comendo, bebendo e dormindo como os garotões do Pinel. Houve festa no hospício. Porque todos tavam quebrados. E a gargalhada era geral. E foi uma injeção atrás da outra, remédios e medicamentos para acalmar os ânimos e pôr tudo em ordem novamente. Foi o dia mais feliz de Rasputim, Quebrado, ria pra caralho.
Jorge, o Maluco do Peido
O Maluco do Silêncio,
fixo na parede
De olhos fixos na parede, Jorge não tinha iniciativa nenhuma, passava o tempo todo olhando para as paredes, com os olhos fixos, e todos que passavam no corredor por ele não entendiam nada, não sabiam o que fazer, e às vezes ficavam observando Jorge para ver o que era aquilo, aquele ET em pessoa, maluco pra cacete, que deixava todos atônitos e preocupados, sem compreender nada, sem saber a quem recorrer para tentar discernir e descobrir o que ocorria com Jorge. E Jorge acordava de manhã e ia direto pra parede do corredor do Hospital, e ali ficava o dia inteiro, sempre observando a parede, e as pessoas que cruzavam com ele no caminho davam bom dia pra ele, e Jorge calado não respondia, as pessoas o cumprimentavam, mas ele ficava em silêncio absoluto, provocando risos e gargalhadas nos malucos, enquanto outros permaneciam na curiosidade, e outros ainda na preocupação, e outros mais sem entender o que estava acontecendo naquele momento, telefonavam de seu celular para o vizinho, ou para a namorada, ou para a mãe lá em casa, tentando se distrair com aquela “coisa”: Jorge, de olhos fixos na parede. E deu meio-dia. E levaram Jorge para almoçar. Alguém lhe dava comida na boca, já que Jorge não tinha iniciativa nenhuma, enquanto Jorge ficava visualizando a parede do refeitório. Ninguém entendia nada. Nem médicos e enfermeiros conseguiam explicar aquele fenômeno transcendental, aquele olhar imaginário fixo nas paredes do Hospital. Depois do almoço, Jorge voltava para o corredor, e lá ficava até o lanche da tarde. E novamente conduziam Jorge para o lanche, e depois o deixavam outra vez no corredor da clínica de malucos. E Jorge prosseguia fixo na parede. E deu 7 horas da noite, a hora do jantar, e outra pessoa mais equilibrada levou Jorge para o jantar. E lá essa pessoa lhe dava os alimentos na boca, enquanto ele fixo olhava para as paredes. Ninguém entendia nada. Até que de repente Jorge soltou um peido na frente de todo mundo, e foi aquele barulho ensurdecedor semelhante a um trovão de alguma tempestade de inverno ou parecido com uma metralhadora de guerra. E Jorge aliviado tirou os olhos da parede. E disse em alta voz para todos ouvirem: “O peido que este senhor deu não foi ele, mas fui eu”. E depois daquele peido barulhento, Jorge mais tranquilo abraçava a todos e beijava as malucas do refeitório. Ninguém entendeu porra nenhuma. O que aconteceu. De repente, Jorge tirou os olhos da parede. E um maluco gritou: “Foi aquele peido”. E Jorge ria pra cacete. Então, todos entenderam que Jorge sempre olhava para as paredes, fixo, porque adorava soltar um pu e um peido pra rapaziada e fazer contente a moçada. E os médicos relacionaram o peido e o pu com os olhos fixos na parede. Jorge olhava fixo para as paredes porque estava tentando de qualquer maneira, a todo custo, indo mesmo à loucura, soltar um pu e um peido. Só depois de soltar o peido que Jorge tirava os olhos da parede. E assim no Hospício do Pinel Jorge ficou sendo conhecido por ser o “Maluco do Peido”.
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