quarta-feira, 31 de março de 2010

Indiferença

O Culto à Indiferença

Na rua, diante de um mendigo que dorme na calçada, preferimos não olhar e seguir adiante.
Não queremos ajudar, e sim ser ajudados.
Em casa ou no trabalho, quando alguém nos pede uma informação, preferimos a má vontade, não ouvir o que tem a dizer, e se possível ser rápido e ligeiro para não nos perturbarmos com alguma coisa, fugindo desse colega ou do parente mais próximo.
Preferimos não nos comprometer.
No lar, se um amigo nos telefona, ignoramos a chamada, fazemos silêncio e não queremos saber do que se trata.
Preferimos fugir do compromisso, estar ausentes, ignorar a responsabilidade, ser indiferentes.
Se a namorada nos dá um conselho, preferimos não escutá-la, dizendo interiormente:”Eu já tenho as minhas convicções, não preciso de conselhos, sei me virar sozinho, não quero esquentar a minha cabeça”.
Preferimos a ignorância e a indiferença.
Se uma pessoa da família está doente, preferimos nos ausentar, que outro cuide e se preocupe com ela, que uma terceira pessoa ajude a ela, lhe dê os remédios de que precisa, e a sustente garantindo-lhes a realização dos seus desejos e a satisfação de suas necessidades.
Preferimos a ausência, a falta de compromisso, o medo de estar ao lado de quem quer que seja, e ter que fazer o esforço de lhe ajudar e empenhar-se em colaborar com ela.
Preferimos a cerveja com amigos no final de semana.
Preferimos encher a cara no botequim da esquina.
Preferimos fugir para as drogas ou xingar o juiz no jogo do Flamengo com o Vasco domingo no Maracanã.
Preferimos a festa, a bagunça, a palhaçada, a ignorância, a indiferença...
Preferimos a violência dos nossos pontos de vista.
Não queremos esquentar a cabeça.
Preferimos o nosso egoísmo, o nosso eu, o nosso individualismo.
Não queremos compromissos.
Preferimos o comodismo e a falsa tranqüilidade.
Não queremos responsabilidades.
Preferimos a ausência, a inadimplência, o silêncio culposo ou doloso.
Não queremos seriedade.
Preferimos a bagunça, o show, a festa, o espetáculo, ou quem sabe melhor ouvir uma música.
Melhor a alienação.
O Compromisso dói.
Não queremos sofrer.
A Responsabilidade machuca.
Não queremos doer.
A Seriedade nos compromete.
Não queremos padecer.
Preferimos o silêncio que ninguém vê.
A Ausência que incomoda os outros.
A Falta de coragem para nos engajar em assuntos sérios e atividades importantes.
Falta-nos engajamento.
Chega de indiferença!
Não somos ilhas cercadas de compromissos por todos os lados e envolvidas por responsabilidades de todas as partes.
Sim, não somos ilhas.
Porque dependemos uns dos outros.
Somos interatividade.
Somos comunhão e participação.
Somos compartilhamento.
Somos cooperação.
Devemos colaborar uns com os outros.
Tal o sentido da nossa vida de cada dia.
Eis a razão do nosso ser, pensar e existir.
Não sejamos mais indiferentes.
As pessoas precisam de nós.
Temos que fazer alguma coisa por elas.
Que Deus nos ajude nesse propósito.

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